quarta-feira, 19 de agosto de 2015

JORGE PALHETA

Conheci o Jorge Palheta no Bar do Armando, faz uma década - tive o privilegio de conhecer dezenas de trabalhos realizados pelo grande artista plástico, bem como, de usufruir da sua amizade e, de ter tido a oportunidade de conhecer alguns causos muitos hilários, tendo como personagem principal o nobre amigo.


Não tenho a menor chance de comentar sobre os trabalhos do Palheta, uma vez que sou zero à esquerda em conhecimentos de artes plásticas, porém, das diversas conversas que tive com o nobre amigo, fiquei sabendo de algumas informações sobre a sua trajetória profissional.


Ele sempre se considerava um Amazônida de sangue e de coração, tanto que os seus quadros retratam a defesa do meio ambiente e da região.




Começou a sua carreira há 45 anos, inicialmente, fazendo desenhos no papel, posteriormente, partiu para as pinturas em telas.

Trabalhou no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, no período de 1975 a 1980, na respeitada função de ilustrador botânico, antes da chegada maciça dos micros computadores, ele tinha uma árdua missão de desenhar, nos mínimos detalhes, tanto uma flor, quando uma árvore - poderia ter ficado por lá e se aposentar como um funcionário federal, porém, resolveu seguir a sua carreira de artista plástico.


Ele tinha uma capacidade incrível para retratar o rosto humano, chegando até ser colaborador da Polícia Civil, fazendo o famoso “retrato falado” - quando os PC´s inundaram o mercado, este trabalho foi relegado a terceiro plano.



Com a sua genialidade, conseguiu ganhar alguma grana, fazendo caricaturas nos bares de Manaus - fez também a ilustração de várias capas de livros de autores famosos do Amazonas, bem como, das bandas de carnaval da cidade de Manaus, principalmente da BICA, 5 Estrelas e Caldeira.



Dizem os conhecedores da área, que o Palheta era um artista direcionado para:

·         Impressionismo (segundo Aurélio: Escola de pintura surgida na França por volta de 1870, que visava a captar, em princípio, a impressão visual produzida por cenas e formas derivadas da natureza, e as variações nelas ocasionadas pela incidência da luz, e que se baseava especialmente no emprego das cores e de suas relações e contrastes, a fim de obter efeitos plasticamente dinâmicos e objetivos. Esta escola, por suas inovações, influiu marcantemente a pintura do séc. XX.);

·         Abstracionismo (idem: Corrente estética surgida em princípios do séc. XX, caracterizada pelo abandono total da representação figurativa das imagens ou aparências da realidade, pelo uso de formas e cores com ritmo e expressão próprios e liberadas de qualquer conteúdo que perturbe a manifestação da sensibilidade do artista, e pela abertura para amplas interpretações subjetivas; arte abstrata).


O artista fez várias exposições na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, tendo o apoio dos amigos, políticos e empresários de Manaus - as suas obras estão sendo muito procuradas e valorizadas (infelizmente, algumas pessoas somente valorizam o artista após o seu falecimento).


Em agosto de 2013, fiz um pedido e o Palheta fez uma pequena tela, chama-se “A Maçonaria na Amazônia” – ele era membro da Loja Rosa Cruz e a maioria dos seus trabalhos artísticos possuem elementos maçônicos.




Durante todos esses anos de amizade, sempre o apoiei, valorizando os seus trabalhos artísticos, com publicações no BLOGDOROCHA, além de passarmos horas conversando, rindo das piadas e causos que somente ele sabia contar.



Ontem, ao entardecer, deu uma ventania em meu bairro, tirando da posição o quadro do Palheta que está na minha sala de estar – coloquei-o no lugar correto e, lembrei-me do velho amigo, horas depois, amigos e familiares deram-se a triste noticia do seu falecimento!



O seu corpo está sendo velado em sua residência, na Avenida Maués, nº 1.120, no bairro de Cachoeirinha, em Manaus/AM. Descanse em paz meu amigo!

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