segunda-feira, 31 de março de 2014

A CONSTRUÇÃO DA CIDADE EM MINIATURA SANTA ANITA


Um dos hobbies preferidos do Mário Ypiranga Monteira foi a construção de uma cidade em miniatura, denominada “Santa Anita”, em homenagem a sua amada esposa que muito o ajudou na sua montagem. Foi estimulado a construí-la pelas ocorrências da sua primeira infância, quando tinha seis anos de idade, logos após ter sofrido um acidade quando foi vitima apanhado pelo bonde da linha “Plano Inclinado” e, ter recebido de seu pai um “conjunto ferroviário”, adquirido no “Bazar Alemão”.

Já casado e pai de três filhos menores, resolveu levar a frente o seu gosto por miniaturas. Quando abriu a “Loja Quatro e Quatrocentos”, conhecida depois por Lobrás e Marisa, situada na esquina da Avenida Sete de Setembro com a Avenida Eduardo Ribeiro - adquiriu uma locomotiva de corda e um vagão, com binário ovalado – fez a armação na sala de jantar de sua casa e, juntamente com os seus filhos, ficavam contentes em ver correr a composição, mesmo sem outros ornamentos ou estação de passageiros.

Resolveu o problema talhando em papelão grosso os desvios e uma secção (rotunda = largo circular) - levou o protótipo a um funileiro, um profissional que trabalhava com a confecção de peças em folhas de flandres, na Avenida Eduardo Ribeiro. Depois, o Mário Ypiranga fez duas estações de passageiros, com usuários confeccionados em cartolinas – um dia a corda estalou e a locomotiva acabou indo para o lixo.

Tempos depois, o Mário e a sua esposa estavam na fila para adquirir entradas para o Cine Avenida, quando avistou na vitrine de uma loja do seu amigo Antônio Matos Areosa (irmão do governador Danilo Matos Areosa), um conjunto ferroviário elétrico, composto por uma locomotiva, vagões tipo combine, binário oval e uma estação rústica. No dia seguinte, foi à loja e adquiriu dois estojos, com locomotivas de modelos diferentes e vagões de carga, era um produto sem escala e da marca Atma Paulista – a partir dai a maquete começou a crescer, pois o seu amigo proprietário da loja fez o pedido da fábrica de mais dois estojos, pois necessitada de mais trilhos e desvios.

A maquete ia aumentando e, surgiram dificuldades com o espaço físico, dando problemas na montagem e desmontagem do conjunto – o problema foi resolvido em parte, com a doação de uma mesa de tênis que não era mais utilizada pelo irmão de sua nora Geralda Guimarães Monteiro, a maquete ficou maior e permanente – ainda não existiam árvores nem pessoas para animar a paisagem, mesmo assim, ele se contentava com a variedade de composições, sem escala, ajudado por transformadores de quinze volts.

Com a instalação da Zona Franca de Manaus, ocorrido em 1967, houve a abertura de muitas lojas de importação – ele tinha um amigo que viaja muito ao Panamá, trazendo muitas novidades e, por sua sugestão, pediu que negociasse com material ferroviário em miniaturas, o Sr. Vicente Liberato começou a vender as primeiras composições com escala internacional HO (Half zero), de fabricação TYCO norte-americana. As facilidades foram muitas, pois aparecerem figurinhas de plástico, gente e bichos, casas de plástico para montar (ele mesmo montava), árvores, postes de luz, luminárias, estações, pontes, etc. – era um mundo de novidades, obrigando-o a fazer mesas grandes (em módulos).

Abriu outra loja na Zona Franca, a “Hobby”, situada na Rua Guilherme Moreira, cujo proprietário era o seu amigo Dálcio Tavares – ele foi o que mais importou material ferroviário em miniatura na escala HO, abastecendo aos aficionados de Manaus e turistas – era uma variedade enorme de acessórios, enlouquecendo aos apaixonados por miniaturas, tempo depois, o dono da loja resolveu parar com esse ramo, partindo para negociar com eletroeletrônicos.

O Mário Ypiranga ficou por um bom tempo sem a possibilidade de adquirir material ferroviário. Tempos depois, a indústria nacional, representada pela fábrica Frateschi de São Paulo, começou a produzir composições completas e, apareceu em Manaus os estojos contendo uma locomotiva, alguns vagões, um par de vagões, trilhos em oval e transformador, tudo em escala internacional HO.

Foram quarenta anos dedicados ao seu hobby, sempre adquirindo novos elementos, chegando a ter 133 locomotivas, 133 vagões de passageiros e 557 vagões de carga – a cidade em miniatura é composta de 14 módulos, medindo 1,10m x 1,10m, montada com 7,70m x 2,20m.

Após o seu falecimento, a cidade foi adquirida pela Secretária de Cultura do Estado do Amazonas, encontrando-se em exposição permanente desde 11 de agosto de 2006, na Galeria do Largo, no Largo de São Sebastião. É isso ai.

Fonte: Site do Mário Ypiranga Monteiro (Povos da Amazônia/SEC)


2 comentários:

Lúcio M S Bezerra de Menezes disse...

Maravilha, Rocha! Historia rica e encantadora. Parabéns !

Lúcio M S Bezerra de Menezes disse...

Historia é sempre sedutora, mas quanto mais rica mais encanta. Parabéns !