domingo, 20 de outubro de 2013

UM JEITO MANAUARA DE SER

Hoje é domingo na Vila de São José da Barra (antiga Manaus), acordei com uma vontade danada de comer um Jaraqui frito com baião de dois, peguei o busão e fui “lá pelas bandas do Mercadão” – comprei uma “enfiada” com seis “jaracas” dos “parrudos” – o peixeiro pegou uma peixeira amolada “no balde”, tirou o bucho do bicho e ticou numa agilidade impressionante.

Para acompanhar, comprei farinha do “Aurini” (tipo ova), limões, tomates, cebolas, cabeça de alho, pimenta do reino, pimentões e pimenta “Murupi” com “Tucupi” – tudo no jeito para “forrar a pança”.

O Jaraqui tem um nome complicado, conhecido no meio científico como “Semaprochilodus”, para os meus manos caboclos é apelidado simplesmente por “Jaraca”!Por ser o peixe mais abundante e barato no Estado do Amazonas, o mais abastados falavam tempos atrás que era comida somente de pobre! Puro preconceito! Alguns deles comiam Jaraqui e arrotavam Bacalhau!

Segui a risca as dicas do “Chef Jokka”: lavei bem os peixes, temperei por dentro e por fora com suco de limão, alho, sal e pimenta do reino e, deixei tomar gosto por 30 minutos, depois, escorri bem os peixes, passei farinha de trigo e fritei no óleo quente.

O coitado do nosso Jaraqui foi discriminado durante longos anos – por ter um preço acessível aos pobres, não davam o devido valor – comer jaraqui “nem com nojo”! O tempo passou e, os cientistas chegaram a conclusão que o nosso “jaraca” possui muito mais Omega 3 do que o Salmão – a partir daí, ele passou a frequentar as  cozinhas dos bacanas – ficou chique o nosso cabocão!

Pois é, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo de 12 quilos por habitante/ano, essa marca é bem maior no Estado do Amazonas. Eu como peixes desde quando eu era  um “curumim”, atualmente, estou deixando de comer “carne vermelha” e substituindo por peixes e frango.

Comer peixes, principalmente o Jaraqui é tudo de bom: fácil digestão, aumenta a produção de anticorpos, a coagulação do sangue, no controle da taxa de colesterol, muito rico em nutrientes e sais minerais, a sua gordura é insaturada, não prejudicial a saúde, além de conter o ômega 3.


Outra coisa, tempo atrás os supermercados de Manaus não tinham espaços para venda de peixes, atualmente, tudo mudou, a negada faz fila para comprar peixe tratado – os jovens começaram a curtir a moda dos “sashimis”, aumentando também o consumo de peixes, com a jaraca indo a reboque.

Pois é, quem chega por essas plagas "Comeu Jaraqui, não sai mais daqui, nem com nojo". É isso ai.

Foto: Rocha

Um comentário:

Mauro Bechman disse...

Parabéns grande amazonense e manauara! Todos os dias lembro do Jaraqui nas cores do encontro das águas e na calçada do Largo de São Sebastião! Grande abraço e saudações manauaras!