domingo, 23 de outubro de 2011

O FIM DA TRAVESSIA DAS BALSAS MANAUS-IRANDUBA


Manhã de domingo em Manaus, véspera do aniversário da cidade e, o penúltimo dia da travessia das balsas (ferry boat) do trajeto Manaus-Iranduba; resolvi fazer um passeio de despedida, pois amanhã será inaugurada a tão badalada Ponte que interligará as duas margens do Rio Negro, acabando de vez com esse tipo de transporte.
Ao longo dos meus cinquenta e cinco anos de idade, tive o desprazer em ver muitas coisas acabarem, posso citar alguns: os cines Guarany e Polytheama; os Igarapés de Manaus, Mindu, Franceses e Mestre Chico; os balneários do Parque Dez, Ponte da Bolívia e Tarumã; os Ônibus da Madeira, as Catraias e, agora as Balsas da travessia Manaus-Iranduba.
Este sistema de travessia perdurou por muitos anos, constituindo o único meio de transporte de automóveis para ambas as margens do rio; com o tempo foi sendo sucateada, trazendo uma insatisfação geral a população, decorrente dos atrasos e panes constantes nos equipamentos das balsas.
Muitas pessoas estão soltando foguetes com o término dessa travessia, não é o meu caso, tanto que estou fazendo hoje um passeio de despedida, sentindo saudades e, lamentando a sua desativação; fazer o quê, o progresso chegou, a ponte está ai, não faz mais sentido a sua utilização.
O desserviço na travessia foi causado pela má administração da Superintendência Estadual de Navegação, Portos e Hidrovias (SNPH), eles não tinham o menor respeito para com a população, não faziam os investimentos necessários, com compras de novas balsas e, não realizavam a contendo a devida manutenção nas existentes, apesar do retorno financeiro ser positivo.
Este tipo de transporte é utilizado em diversos países, a grande maioria oferece um serviço de qualidade, com conforto e segurança, sendo utilizada de forma satisfatória e prazerosa por todos os seus usuários.
Para dizer a verdade, sempre gostei de utilizar as balsas, apesar dos contratempos para embarque e desembarque – o trajeto que dura em torno de uma hora, traz uma paz de espírito muito grande, decorrente da visão espetacular da natureza: o contado direto com as águas do Rio Negro, com uma brisa gostosa e a imensidão da floresta amazônica.
Nos primeiros meses após a inauguração da Ponte sobre o Rio Negro, a pessoa terá uma grande sensação, um verdadeiro prazer em se deslocar com maior rapidez e avistar do alto o rio – com o passar do tempo, o local irá se tornando comum, sem nenhuma emoção e o contato com a natureza, somente asfalto, ferro e concreto!
Sentirei falta da travessia pelas balsas, do contato direto com a natureza, dizem que os barcos conhecidos como “a jato” continuaram fazendo o percurso (com número reduzido), saindo do Terminal de São Raimundo.
Algumas balsas irão para a travessia Manaus/Careiro da Várzea, com certeza, haverá uma melhoria no serviço, reduzindo o tempo de espera. Doravante, irei fazer alguns passeios por lá, curtindo diretamente parte do Rio Negro e Solimões, no Encontro das Águas. É isso ai.

Fotos: J. Martins Rocha

3 comentários:

M.BECKHMAN disse...

Parabéns pelo post e pela aventura. Carissimo, não acredito no fim deste serviço, mas como postei em meu blog, os proprietários destas emparcações precisam repaginar suas atividades e certamente torceremos para que passeios como estes seus sejam cada vez melhores e ainda frequentes. Nós merecemos! Parabéns a Mãe dos Deuses! 342 Anos. Saudações Manauaras e Amazonenses!

dembsp disse...

Parabéns, estimado gurú dos blogueiros Manauras.

Eu quando comecei O Amazônia e o Mundo, após o incentivo do criador, o baiano Carlos Amorim, segui o Blog do Rocha, claro que não copiando, apenas peguei uma referência importante. Ocorre que não podia deixar de lado ao ver que esse amor que você sente pela cidade tem muito a ver com o meu também.

Esta travessia de balsa, eu fiz dezenas de vezes nos meus tempos de juventude, quando era morador do bairro da Glória. E era um lazer típico, até nos dias de trabalho da semana, para quem estava de bobeira; e eu fiquei um bom tempo à espra de trabalho preso pela falta do certificado de reservista; aí então o tempo era livre. Conclusão, um mero vagabundo do final dos anos 70.

Estendi o comentário mas umpouco para justificar o prazer de vir aqui. Valeu Rocha! Saudações e, toca vinil no bar do Armando.

dembsp disse...

Rapaz, estou saindo e, na pressa, errei dando clique em publicar o comentário, sem fazer a devida revisão; pode ter passado palavras digitadas com erro, algumas juntas; espero que a mensagem seja entendida. Valeu Gurú e parabéns mais uma vez, pelo trabalho no blog.