terça-feira, 12 de julho de 2011

MUIRAQUITÃ

É um termo próprio da Amazônia, tendo origem na língua geral tupi-guarani, traduzindo como “nó das árvores”, “pedra verde do rio” ou “pedra do chefe”, constituindo-se de um artefato talhado em nefrita (mineral compacto e esverdeado), com formas de quelônios, serpentes e, na maioria das vezes, de batráquios (sapos).

Tem sido encontrado com maior intensidade no baixo Rio Amazonas (Estado do Pará), e ao qual se atribuem virtudes de amuleto (poder mágico de afastar desgraças ou malefícios, com atributos mágicos e terapêuticos), conhecido também como “Pedra-Verde” ou “Pedra-das-Amazonas”.

Os primeiros exemplares foram encontrados na Amazônia, nos séculos dezesseis e dezessete, tornando-se, desde então, cobiçados por muita gente, poucos podem ser apreciados em sua região originária, dizem que podem ser vistos no Museu de Santarém (Pará), a grande maioria estão espalhados por vários museus do mundo e em coleções particulares.

Alguns estudiosos afirmam que, não existem jazidas desse mineral na Amazônia, isto comprova a origem asiática das antigas civilizações amazônicas, dizem que essa premissa está errada, pois foram encontrado o minério “Jade” no interior de São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Pernambuco

A “Lenda do Muiraquitã” é mais ou menos assim:

Os verdadeiros Muiraquitãs são filhos da Lua retirados do fundo de um imaginário lago denominado Espelho da Lua, Iaci-uaruá, na proximidade das nascentes do rio Nhamundá, perto do qual habitavam as índias Icamiabas, nação das legendárias mulheres guerreiras que os europeus chamaram de Amazonas (mulheres sem marido). O lago era consagrado à Lua, pelas Icamiabas, onde anualmente realizavam a Festa de Iaci, divindade mãe do Muiraquitã, que lhe oferecia o precioso amuleto retirado do leito lacustre. A festa durava vários dias, durante os quais as mulheres recebiam índios da aldeia dos Guacaris, tribo mais próxima das Icamiabas, com os quais mantinham relações sexuais e procriavam. A lenda também diz que, se dessa união nascessem filhos masculinos, estes seriam sacrificados, deixando sobreviver somente os de sexo feminino. Depois do acasalamento, pouco antes da meia-noite, com as águas serenas e a Lua refletida no lago, as índias nele mergulhavam até o fundo para receber de Iaci os preciosos talismãs, com a configuração que desejavam, recebendo-os ainda moles, petrificando-se em contato com o ar, logo após saírem d’água. Então os presenteavam aos Guacaris com os quais se acasalavam, o que os faria serem bem recebidos onde os exibissem, além de dotar outros poderes mágicos ao amuleto.

O grande escritor Mário de Andrade (1893-1945) escreveu o livro “Macunaíma”, em 1928, considerado o seu maior romance, conta que Macunaíma nasceu numa tribo amazônica, cresceu e se apaixonou pela índia Ci, seu único amor, depois da morte da mulher, perde um amuleto que um dia ela havia lhe dado de presente, era a pedra “Muiraquitã”; a história do livro se desenrola com as suas aventuras na tentativa de reaver a pedra roubada pelo Piamã.

Os muiraquitãs podem ser encontrados na forma de colares, vendidos nas feiras de artesanatos de Manaus, Santarém e Belém. A tradição ainda permanece, a mulher apaixonada compra para presentear o seu amado, para preservá-lo dos malefícios da vida e assegurar-lhe sorte em seus projetos. É isso.

Fonte:


http://www.abrasoffa.org.br/folclore/lendas/muiraquita.htm  



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