quinta-feira, 6 de maio de 2010

NOVO PALÁCIO DO GOVERNO DO AMAZONAS


O Palácio do Governo do Amazonas foi uns dos grandes projetos do Dr. Eduardo Ribeiro, considerado por muitos como um megalomaníaco, no entanto, deixou muitas obras para a posterioridade, como o Teatro Amazonas, o Reservatório do Mocó, a Ponte Benjamin Constant, o Colégio Benjamin Constant, dentre outras. Era bacharel em Matemática e Ciências Físicas, Capitão e foi governador do Estado do Amazonas, deixando o governo em meados de 1896. Não conseguiu levar a frente o seu grande projeto, foi destruído no nascedouro e, no seu lugar foi projetado o Novo Palácio do Governo, também, não iniciada a sua construção.

Segundo o historiador Mario Ypiranga Monteiro “O Palácio do Governo (Manaus), projeto do Dr. Eduardo Ribeiro, de que só foi construído o primeiro entablamento (viga mestre). Consta a notícia sobre um dos dolorosos pedidos dele, quando doente: “Peça a fulano que não destrua o meu Palácio”. Foi em vão...”

O seu sucessor, o governador Fileto Pires Ferreira, era o pupilo e protegido do governador Eduardo Ribeiro, deu a pernada no criador e, por sua vez, levou a pernada do seu vice, o José Cardoso Ramalho Junior, dizem que este foi quem mandou destruir o Palácio do Governo

Segundo o Orlando Farias, no seu livro “A Danças dos Botos”, comenta esta relação do criador com a criatura: “Fileto Pires menosprezou o grande legado daquele que se transformou num dos maiores vultos da história do Amazonas. Entronizado no poder em julho de 1896, ele inaugurou o Teatro Amazonas como fosse uma obra sua. Detonou um projeto futurista que o antecessor deixara para ampliar a paisagem urbanística da cidade: a continuação da atual Avenida Eduardo Ribeiro, cujo traçado passaria por debaixo do Congresso (IEA) até os limites urbanos da cidade no Boulevard Amazonas”.

Segundo o professor e historiador Rogel Samuel: “... observando bem se vê em primeiro plano os fortes muros de contenção que foram construídos e que existem até hoje como o que hoje aparece na Rua Simão Bolívar e serviriam para conter o arrimo do Palácio do Governo, a maior obra de Eduardo Ribeiro, maior do que o Teatro Amazonas. O Palácio nunca foi finalizado, e sobre suas fundações Álvaro Maia construiu a escola normal tal como existe até hoje. Os muros estão lá, para confirmar. O Palácio seria, se construído, A MAIOR CONSTRUÇÃO DO BRASIL de sua época!”

Para termos uma vaga idéia do projeto do Novo Palácio do Governo do Amazonas, a biblioteca Virtual do Amazonas, no site  http://www.cultura.am.gov.br/, na Série Memórias, disponibiliza informações técnicas sobre as plantas e notas/conteúdos sobre esta grande obra, elaborada, inicialmente, pela Dr. Eduardo Ribeiro e, levado a frente no governo de Silvério José Nery (1900-1904). O trabalho foi elaborado em 1901 pelo Filinto Santoro, eis alguns detalhes do projeto:

Cúpula e Torreão:

De estilo eclético, uma vez que no neoclássico não existem torres nem cúpulas, o torreão é ornado por duas colunas encimadas por capitéis da ordem jônica, vendo—se, no detalhe, a porta, as culunas que sustentam a cornija, com frisos ovalados e de dentículos. A cúpula, situada acima da arquitrave (trave horizontal que se apóia sobre colunas, tanto na arquitetura clássica, quanto nos estilos dela derivados), que cobre o torreão, tem em sua base uma escultura arquitetônica esculpida em forma de mascarão, com frisos em dentículos, acompanhados de acrotérios de palmeta (espécie de ornamento muito usado no clássico e no neoclássico) que o circundam abaixo, no tambor.

Platibanda, Cornija, Cornéis, Conrínthia, Triple Janela nos Corpos:

A platibanda está situada no coroamento da edificação, sendo uma espécie de mureta de alvenaria, que pode ser maciça ou vazada, no topo da parede, e que contorna o edifício. A cornija saliente, da ordem coríntia, é ornada por frisos ovalados e de dentículo, encimados por modilhão com volutas, espécie de cabeça de viga do entablamento, fartamente utilizado nos templos gregos. Os capitéis, integrando as três ordens (dórica, jônica e coríntia), enfatizam a adoção do estilo eclético. Destaque para o capítel coríntio, cujo ornamento utilizado é a palmeta com flor-de-lótus.

Muro Monumental:

Planta baixa do muro monumental e da rampa de acesso ao palácio, bem como, a fachada do muro e os detalhes arquitetônicos que compõem o muro e o acesso vertical. Nas extremidades do muro, a coluna-candelabro tem base de seção quadrada chanfrada, ornada por frisos e molduras em estuque. Frisos e caneluras compõem o fuste, com quatro luminárias faceando os lados do mesmo. A extremidade superior da coluna é ornamentada por uma pinha, palmeta e frisos. Integram a composição do muro, colunas de seção quadrada, ornada com friso de disco, encimadas por luminárias com base de ferro batido. Na escadaria, duas colunas de seção retangular, ornamentadas com cártula com rolos, é coroada por escultura de leão, de onde parte o guarda—corpo da escada.



Fachada Lateral:

Elevação lateral desenvolvida a partir do porão alto, constando 1º e 2º pavimentos e o mirante. Os corpos laterais da edificação são emoldurados por cunhais e cornijas. No pavimento térreo, foi utilizada a técnica da alvenaria de bossagem (blocos de pedra com saliências rústicas). Apresentada no térreo, dez portas em verga reta, integrado por escadaria que permitem o acesso ao primeiro pavimento. Na extremidade esquerda, encontram—se uma coluna encimada por capitel da ordem coríntia, integrando o 1º e o 2º pavimentos. Janelas compostas por quatro folhas e bandeira, situadas nas extremidades do edifício, são emolduradas por colunas que integram a ambos, cujos capitéis são da ordem dórica. Colunas menores da ordem dórica compõem, junto com oito janelas encimadas por frontão triangular, a simetria desse andar. O acesso é realizado por uma porta de duas folhas, centralizada, encimada por frontão triangular, que se abre para a escada. Acima das colunas, encontram—se métopas e tríglifos acompanhados de frisos e ornados em forma de dentículos. No segundo pavimento, duas varandas situadas nas extremidades da edificação são flanqueadas por duas colunas com fuste canelurado, compondo com capitéis da ordem dóríca, cuja integração é feita por duas colunas da ordem jônica, que emolduram os três vãos em verga reta. Oito janelas em verga reta, distribuídas, simetricamente, em quatro, flanqueiam a janela que destaca o acesso ao palácio, junto com a porta do nível inferior. Este pavimento é encimado pela cornija saliente, composta por modilhão com volutas, frisos ovalados e de dentículos estendem—se ao longo de todo o pavimento. Acima do 2º pavimento, encontra—se uma varanda guarnecida por gradil de ferro, cuja parte inferior é ornada por acrotério de acanto e volutas. A fachada exibe, ao nível da platibanda, recortes de desenho bastante trabalhado. No mirante, emoldurado por cunhais, onde estão situadas molduras, destaque para o conjunto de oito colunas com capitéis da ordem jônica.

A sede do governo do Amazonas foi, algum tempo atrás, no Palácio Rio Negro, na Avenida Sete de Setembro, depois, passou provisoriamente para onde funcionava a sede da Secretaria de Produção Rural (Sepror), encontra-se, atualmente, num prédio da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), no bairro da Compensa.

Agora, imagem os senhores, caso os sucessores do Dr. Eduardo Ribeiro tivessem aceitado o seu pedido, no seu leito de morte, e, levassem à frente a construção do Palácio do Governo do Amazonas, não haveria esse dança de troca de sede de governo, todos teriam um imenso prazer em despachar na sede projetada pela maior governador do Amazonas. É isso ai!

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