quarta-feira, 10 de março de 2010

CERVEJARIA AMAZONENSE DE MIRANDA CORRÊA & CIA

*Abrahim Baze


O trabalho do professor Celso Ronildo tem por principal objetivo suprir a necessidade que a cidade de Manaus tem de reencontrar a sua história de forma mais verdadeira e sem muito estardalhaço. A pesquisa resgata uma parte desta história que durante muito tempo foi negligenciada. Por mais simples que seja o tema, importante para os anais de nossa história recente, e principalmente do período que ficou conhecido por “Belle Epoque”

Com o objetivo de revificar de forma científica e com técnicas de reconstrução baseada na nova história, o autor foi em busca da história da Cervejaria Amazonense de Miranda Corrêa & Cia, de sua implantação e seus primeiros dez anos de funcionamento. Período em que ela desempenhou um papel de extrema importância na vida social de Manaus.

Durante o processo de implantação da fábrica, período extremamente doloroso, os irmãos Miranda Corrêa, empresários extremamente obstinados e de um caráter muito empreendedor, nunca esmoreceram diante de tantas agruras. O autor deixa claro que algumas pessoas ligadas aos interesses dos paraenses ajudaram para que isso ocorresse, pois eles também tinham diferenças a serem resolvidas aqui.

Desta forma, o trabalho também ira trazer à tona, a personalidade marcante da figura de um homem que, para o seu tempo,, estava muitos anos à frente de seu tempo. Por uma questão muito peculiar, ele era um verdadeiro estrategista e profundo observador dos destinos desta terra. Estamos falando do Dr. Luiz Maximino de Miranda Corrêa.

Por se inserir em um período muito conturbado da história mundial e regional, é claro que, de certa forma, não poderíamos deixar de relatar alguns dos aspectos da história da cerveja dos tempos mais remotos até chegar aos confins da Amazônia, especificamente na cidade de Manaus.

A região sofre, neste momento, os primeiros indícios de uma eminente e possível crise na produção gomífera e a diminuição dos recursos que transformaram uma pequena vila em uma das cidades mais bonitas e modernas de sua época. Nesse contexto, surge a implantação da Cervejaria Amazonense Miranda Corrêa.

Alguns aspectos da vida social de Manaus serão abordados neste trabalho monográfico. A maneira como a Cervejaria Miranda introduzia os seus produtos na região, também será abordada.

Claro que com o resgate da memória de um dos empreendimentos de maior vulto deste Estado, o trabalho necessitava de algumas entrevistas de personalidades que conviveram e até mesmo fizeram parte da história da cervejaria, como foi o caso da entrevista com o Sr. Luiz Maximino de Miranda Corrêa Neto.

Um dos mais interessantes e admiráveis personagens deste trabalho, o Dr. Luiz Maximino de Miranda Corrêa se destaca por ser um homem mais do que tudo voltado para o desenvolvimento industrial desta terra. Em um tempo em que a grande maioria das pessoas, só se preocupava em ganhar dinheiro e buscar as delicias que este poderia oferecer, foi justamente o Dr. Luiz Maximino quem de certa forma deu o exemplo. Infelizmente, não houve essa percepção pelos intelectuais da época.

A importância deste empreendimento, em uma terra que compunha apenas o sinônimo de extrativismo, com pouquíssimas indústrias, é importante para compreender o paralelo que existia do microcosmo manauara com o macrocosmo do Brasil na mesma época. Enquanto uns poucos visionários, como o Dr. Luiz Maximino, tem objetivos capitalistas bem claros, uma parte decadente e ultrapassada da sociedade não conseguia ver o mesmo caminho.

No período de 1910 a 1920, época abordada neste trabalho, o mundo passava por grandes transformações. A cidade de Manaus vivia a sua década de ouro com esplendor das mais importantes personalidades artísticas vindas para se apresentarem no teatro Amazonas.

É claro que tal dinamismo e mecenato tinha que ter o dedo do Dr. Luiz Maximino de Miranda Corrêa.

A cervejaria, com todo o seu aparato técnico de última geração impressionava até os mais pessimistas dos pessimistas. A maioria das pessoas não acreditava ser possível um empreendimento daquela magnitude.

Enfim, tudo o que veremos adiante é resultado de uma pesquisa árdua e de muita observação em relação a um tempo em que, é fascinante pela sua temporalidade e pelos interessantes personagens apresentados em seus complexos universos.

Na tentativa de resgatar um pouco a memória da cidade de Manaus, este trabalho contribuirá através da História da Cervejaria Miranda Corrêa, para compor mesmo os fatos que concorreram para a implantação de sua mais importante indústria de cerveja.

Abrahim Sena Baze nasceu em Manaus, Estado do Amazonas, em 27 de Agosto de 1949, filho de Akil Ayub Baze e Jandira Sena Baze. Diretor do Instituto Cultural da Fundação Rede Amazônica, apresentador do Programa Literatura em Foco, formado em História pelo Centro Universitário do Norte – UNINORTE.