terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

MANAUS ANTIGA

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A história da cidade de Manaus tem início na área central. A capital do Amazonas foi fundada no ano de 1669, em data incerta, com a construção do forte de São José do Rio Negro, localizado onde hoje é o Centro da cidade, em uma área chamada de Largo da Trincheira, que formou seu embrião.
A cidade ocupava toda a ilha de São Vicente, inclusive se sobrepondo a um antigo cemitério indígena. Foi na região do Largo que os missionários Carmelitas construíram, em 1695, a primitiva matriz batizada de Nossa Senhora da Conceição. De acordo com dados históricos do Iphan e da Manaustur, o Centro iniciou seu processo de urbanização a partir de 1791, com a transferência da sede da Capitania de São José da Barra do Rio Negro, da antiga Mariuá, atualmente Barcelos, para a Ilha de São Vicente, que passa a se chamar Lugar da Barra.
A partir desse momento a aldeia, erguida de taperas, ganha as primeiras construções de alvenaria: um palácio para moradia de seus governadores, além de quartel, cadeia pública, depósito de pólvora, estaleiro e as primeiras fábricas de anilinas, velas de cera, redes e panos de algodão.
O florescimento urbano da cidade, levado a cabo devido à visão empreendedora do governador Lobo D'Almada, chegou a incomodar o então governador do Grão-Pará, Souza Coutinho, a quem a capitania era subordinada, que transferiu, em 1798, a sede novamente para Barcelos. Somente em 1808, o Lugar da Barra volta a ser sede da Capitania de São José da barra do Rio Negro, retornando para a ilha de São Vicente o poder político do futuro Estado do Amazonas.
Em 24 de outubro de 1848, a já denominada Vila de Manaos é elevada à categoria de cidade por força da lei nº 145, deste mesmo ano, batizada agora de Barra do Rio Negro. A cidade permanece com seu núcleo urbano restrito à ilha de São Vicente, até que em 1874 o forte de São José do Rio Negro é destruído por causa de um grande incêndio ocorrido na noite de São João.
Depois do incêndio, no local foi construído a Repartição do Tesouro, órgão semelhante à Secretaria da Fazenda, com prédio existente até hoje nas instalações do Porto de Manaus. Entre as décadas de 1880 e 1900 Manaus atinge seu apogeu urbanístico e arquitetônico, influenciado diretamente pelo ciclo econômico da borracha, que marcaria em definitivo o espaço, a vida, a economia e a cultura da cidade.
O processo de vulcanização do látex e o aproveitamento industrial da borracha abriram as portas do desenvolvimento econômico para a Amazônia, atraindo grandes investimentos às principais cidades da região, como Belém e Manaus. Favorecida pela conjuntura mundial da exploração do látex, Manaus inicia um processo acelerado de desenvolvimento urbano que irá transformar a aldeia de palha em uma moderna metrópole, ganhando assim o merecido epíteto de "Paris dos Trópicos".
Nesta época, a extração da borracha acarretava lucro fácil tanto a produtores como a comerciantes e a navegação era tida como primordial para o transporte do produto. Os negócios com a borracha cresciam e começavam a atrair outros tipos de comércio, com diversos estabelecimentos se transferindo de Belém para Manaus. Com este novo cenário, a paisagem da cidade começava também a mudar. Até a primeira metade do século XIX, Manaus não possuía grandes prédios públicos.
Foi neste período que surgiram o mercado Adolpho Lisboa, o Palácio da Justiça e o Teatro Amazonas. No ano de 1890, o porto da cidade era formado apenas por alguns trapiches particulares, por uma rampa de catraieiros e pelo trapiche estadual 15 de Novembro.
Os grandes navios ancoravam praticamente no meio do rio Negro, dada a inexistência de um cais apropriado, os passageiros eram transladados em pequenas embarcações até a margem e as mercadorias transportadas por alvarengas. As instalações do porto eram usadas também para o corte e o beneficiamento da borracha. Em 1883, Manaus ganha um novo prédio cuja construção foi um marco na forma como se desenvolveria a arquitetura da cidade.
O mercado Adholfo Lisboa, uma estrutura préfabricada, vinda da Inglaterra, teve sua montagem concluída como um autêntico exemplar europeu da arquitetura renascentista, tornando-se centro de comercialização de produtos regionais. Esta mesma técnica de trazer construções pré-moldadas da Europa para ser montada em Manaus seria repetida com a inauguração do prédio da Alfândega, nas dependências do porto, em 1909.
No ano de 1889, para viabilizar o escoamento dos produtos do Estado, o Ministério de Viação e Obras Públicas abriu concorrência para a execução de obras de melhoramentos no porto. A firma vencedora foi a B. Rymkiewicz & Co., que assinou contrato com o governo federal em 1900. No entanto, as obras não iniciaram imediatamente, embora a firma tenha pedido adiamento para o início das construções.
Dois anos depois, a B. Rymkiewicz transferiu os direitos de concessão e exploração para a firma inglesa Manaos Harbour Limited, com sede em Liverpool, na Inglaterra. As obras de melhoramentos só começaram mesmo em outubro de 1902.
Foi nesta área da cidade, chamada de Centro, que Manaus amanheceu no século XX, vislumbrando o mundo civilizado pela edificação do Teatro Amazonas, ainda em 1896, para mostras de grandes companhias de óperas vindas da França e da Inglaterra. Corriam sobre os trilhos os primeiros bondes elétricos cortando as principais ruas já iluminadas pelos lampiões de arco voltaico. As linhas não eram tantas, mas atendiam à população daquele período. Do Centro, os bondes partiam para os poucos bairros existentes: Aparecida, Cachoeirinha, Vila Municipal e Flores.
O Ciclo da Borracha se estendeu até por volta de 1916, quando os seringais do sudeste asiático suplantaram a produção de látex da Amazônia. Ao final desse período, o Centro de Manaus ostentava todos os benefícios urbanos que as mais importantes cidades do mundo usufruíam, como iluminação elétrica, linhas de bondes, calçamento de paralelepípedo, porto flutuante onde navios de todos os calados atracavam, rede de esgoto e construções que rivalizavam, ou imitavam, os prédios símbolos de cidades européias.
O tempo da riqueza fácil havia acabado, mas deixara marcas indeléveis no coração de Manaus. O Centro não veria grandes transformações em seu perímetro urbano durante todo o decorrer de 1920 até 1960, quando a implantação da Zona Franca de Manaus deu novo alento ao comércio da cidade.
O Centro foi revigorado com o comércio de produtos importados que atraiu grandes lojas e turistas vindo de todos os estados brasileiros para adquirir aqui o que a legislação protecionista do governo federal não lhes permitia comprar em outras cidades do País.


Fonte: Jornal do Commércio